Assim estão as pessoas,
por Lélia Almeida.
A consulente é
psicóloga, uma psicóloga famosa da cidade. Conta-me que o marido a deixou pela
babá das crianças. Ficou três meses fora de casa. Chora de ranho na minha
frente abraçada num rolo de papel higiênico. As cartas são claras, não vejo a
separação deles e fico curiosa com o andamento da história. Cartas, aliás,
maravilhosas. As taças de amor transbordando e o ás de paus, aquele pauzão, bem
no meio do jogo. Depois que ela se acalma consegue contar que eles acabaram do
voltar. Que foi numa mãe-de-santo que mandou-a passar mel na passarinha, no
sentido horário, durante 9 segundas-feiras. E que colocasse o nome do marido e
da “vadia” (palavras dela) rasgados, em 27 pimentões vermelhos e enterrasse no
jardim. No meio do procedimento, de cortar os vegetais e rasgar os nomes, ela
foi fazer xixi e quando foi se limpar lembrou que não tinha lavado as mãos e
que quase morreu de tanta ardência nas partes. Não sabe o que deu mais certo,
se foi o mel ou a fúria dos pimentões. Mas que ele voltou, voltou. Ela pergunta
ao Tarot se deve continuar com o ritual, fecho as cartas e sugiro que ela vá
imediatamente a um ginecologista. Assim estão as pessoas.
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