A consulente me explica
que sente que perdeu o controle da sua vida. Diz que é como quando a gente toma
um caldo no mar, uma onda gigante e veloz nos pega de jeito, nos arrasta e não
para mais, a gente sai escalavrada, arranhada, os cabelos enosados, vertendo
água e sem ar. Ela diz que está no meio do caldo e que não consegue sair. Que a
velocidade da água não a deixa vir para a superfície. A carta da Roda da
Fortuna e do Carro sinalizam que o caldo continua. Ela ri cansada e diz,
também, que graça tem uma vida controlada, né. E mergulha no redemoinho outra
vez. Lembrei da Clarissa Pínkola Estés quando ela escreve que quanto mais
controlada uma vida, menos vida se tem para controlar.
(Lélia Almeida)
Nenhum comentário:
Postar um comentário