quinta-feira, 12 de novembro de 2015



A consulente me explica que sente que perdeu o controle da sua vida. Diz que é como quando a gente toma um caldo no mar, uma onda gigante e veloz nos pega de jeito, nos arrasta e não para mais, a gente sai escalavrada, arranhada, os cabelos enosados, vertendo água e sem ar. Ela diz que está no meio do caldo e que não consegue sair. Que a velocidade da água não a deixa vir para a superfície. A carta da Roda da Fortuna e do Carro sinalizam que o caldo continua. Ela ri cansada e diz, também, que graça tem uma vida controlada, né. E mergulha no redemoinho outra vez. Lembrei da Clarissa Pínkola Estés quando ela escreve que quanto mais controlada uma vida, menos vida se tem para controlar.

(Lélia Almeida)

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