segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ela me disse num fio de voz. Eu não tive pernas para fazer algumas coisas que gostaria muito de ter feito. Ter tido outro filho, por exemplo, ter casado outra vez. E agora, o tempo passou. Meu pai e meu marido partiram, e isto foi devastador para mim. Só agora entendo que me sinto como uma sobrevivente todos estes anos, e simplesmente sobreviver não é um bom jeito de andar pela vida. Fechei o tarô. Abracei-a profundamente. Estava abraçando a mim mesma, banhada pelas suas lágrimas que eram tão doces. (In: Anovaela, texto inédito de Lélia Almeida).

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