sexta-feira, 11 de junho de 2010

Segundo o Kama Sutra, os 30 tipos de beijos são:

1. Beijo de lado
Quando as cabeças das duas pessoas se inclinam em direções opostas e o beijo é produzido nessa postura.
Essa é uma das formas mais comuns de se beijar e a preferida dos filmes. As cabeças inclinadas permitem um melhor contato dos lábios e uma penetração profunda da língua. É um modo excelente de começar um encontro amoroso apaixonado e também um modo de estimular a paixão entre o casal.

2. Beijo inclinado
Quando um dos dois coloca a cabeça para trás e a outra pessoa, que a segura pelo queixo, a beija. A doçura e o afeto são as emoções principais que são transmitidas com esse beijo. Um beijo desse tipo é apropriado para as preliminares, quando se prefere fazer sexo com lentidão e de frente.

3. Beijo direto
Quando os lábios dos dois se unem diretamente e se chupam como se fossem uma fruta madura. É um tipo de beijo em que o importante é que além de serem chupados, os lábios sejam mordiscados e levemente acariciados com a língua. É um beijo tranqüilo e demorado, que pode expressar uma forte paixão e que excita muitas pessoas mais do que o beijo de língua.

4. Beijo pressão
Os lábios se pressionam fortemente com a boca fechada. É um beijo para iniciar a relação ou para terminá-la, não convém mantê-lo por muito tempo. Os dentes se cravam na parte interior dos lábios e pode sair sangue.

5. Beijo superior
Quando um dos dois pega o lábio superior com seus dentes e o outro devolve o "carinho" beijando-lhe o lábio inferior. Na descrição deste beijo fala-se que uma pessoa do casal deve tomar a iniciativa e o outro se limita a correspondê-la. Uma possível razão para isso é que o Kama Sutra foi escrito para homens ativos e mulheres passivas. Mas, nos casais atuais, cada um deve ser o mais criativo possível e deixar que a imaginação se expresse como ela é, e não se limite a responder a iniciativa do outro.

6. Beijo broche
Quando um dos dois se prende aos lábios de seu amante, isso é chamado de beijo broche. E se o que realiza o beijo toca seus dentes, a gengiva ou o céu da boca com a língua, esse beijo chama-se "luta de língua".

7. Beijo palpitante
Quando um dos dois deposita sobre os lábios milhares de beijos bem pequenos percorrendo toda a boca e as comissuras (junção dos lábios).

8. Beijo contato
Quando se toca ligeiramente com a língua a boca do outro e faz apenas contato com os lábios.

9. Beijo para acender a chama
É o beijo na comissura (junção) dos lábios que costuma ser dado no meio da noite para incendiar a paixão.

10. Beijo para distrair
O beijo ideal para quando vocês estiverem assistindo a algo na televisão e a pessoa quer chamar a atenção do parceiro com seus beijos. Para começar, lembre-se de que nem todos os beijos precisam ser na boca. Segundo o Kama Sutra, outros lugares recomendados para iniciar a "batalha" são: a testa, os olhos, as bochechas, o peito, os seios, a zona abaixo da boca, a cabeça, a nuca e o pescoço junto com a clavícula.

11. Beijo nominal
Quando um dos dois se limita a tocar a boca do outro, depois de beijá-la, com os dedos.

12. Beijo com os cílios
Quando se percorre os lábios ou o rosto do outro e se acariciam os cílios com beijos.

13. Beijo com um dedo
Quando o amante percorre a boca da amada por dentro e por fora com um dedo.

14. Beijo com dois dedos
Quando o amante fecha dois dedos, molha-os ligeiramente nos lábios da amada e faz uma pressão sobre sua boca.

15. Beijo que desperta
O beijo que se dá nas têmporas, próximo da raiz do cabelo, quando o outro está dormindo, para despertá-lo com suavidade.

16. Beijo que demonstra
Costumam ser dados à noite e em lugares públicos. Um dos dois se aproxima do outro e o beija suavemente na mão ou no pescoço.

17. Beijo da lembrança
É dado quando os amantes estão descansando após a satisfação sexual e um dos dois coloca a cabeça sobre a coxa do outro e deixa-a cair, como se estivesse com sono, beijando-lhe na coxa ou nos dedos do pé.

18. Beijo transferido
Esse beijo ocorre quando o amante, na presença da amada, beija alguém que esteja próximo dele no rosto, ou mesmo alguma foto ou qualquer outra coisa, olhando para ela como se o beijo fosse para a parceira.

19. Beijo choroso
É produzido quando um dos dois sente tanta falta do outro, que na ausência do outro beija seu retrato.

20. Beijo viajante
Ainda que pareça que os beijos sempre costumam se centralizar na boca, colocar os lábios em outras partes do corpo é uma forma de excitação garantida.

21. Beijo no peito
Os beijos mais efetivos nos seios são os que se aplicam primeiro com os lábios, suavemente e com um pouco de saliva. Depois, intensifica-se a pressão e, se a parceira o deseja e gosta desse tipo de beijo, pode-se pegar os seios com os dentes e pressionar ligeiramente. Algumas pessoas preferem sentir um pouco de dor nos seios quando estão prestes a ter um orgasmo.

22. Beijo sem pressa
A chave é prestar total atenção no corpo do outro. Quanto mais controle você tiver e mais se concentrar em acariciar e beijar cada canto do corpo, mais intensa será a sensação de prazer para ambos.

Onde há amor, há dor
Segundo a tradição erótica da Índia, a mordida é um elemento muito importante e o Kama Sutra dá uma boa lista de mordidas com toda riqueza de detalhes.

As mordidas costumam ser dadas em quase todas as partes do corpo e vão desde a mordida brincalhona, mais provocadora que erótica, até o forte apertão com os dentes que costuma ser dado no calor da paixão e faz com que os orgasmos sejam mais duradouros. No entanto, muitos costumam evitar este último tipo de mordida, porque é difícil de controlar e costuma deixar marcas muito evidentes. Também porque durante o orgasmo as mandíbulas podem sofrer um espasmo e fechar com força, o que pode ocasionar feridas.

As mordidas recomendadas pelo Kama Sutra são:

23. Mordida de Javali
O rastro que deixa na pele são como filas indianas, muito próximas umas das outras e com intervalos vermelhos como as pegadas que costumam ser deixadas pelos javalis no barro. É uma mordida que costuma ser feita no ombro.

24. A nuvem quebrada
Consiste em levantamentos desiguais da pele em círculo, produzidos pelos espaços que há entre os dentes. O Kama Sutra especifica que este tipo de mordida deve ser feita no peito.

25. Mordida escondida
É a mordida que só deixa uma intensa marca vermelha e que deve ser dada no lábio inferior.

26. Mordida clássica
Quando se pega com os dentes uma grande quantidade de pele.

27. O ponto
Quando se pega com os dentes uma pequena quantidade de pele de tal maneira que só fique uma marca como um ponto vermelho.

28. A linha dos pontos
Quando essa pequena porção de pele é mordida com todos os dentes e todos eles deixam sua marca. Deve ser dada na testa ou na coxa.

29. O coral e a jóia
É a mordida que resulta da junção dos dentes e dos lábios. Os lábios são o coral e os dentes são a jóia.

30. A linha de jóias
Quando se dá uma mordida com todos os dentes.

http://mulher.terra.com.br/interna/0,,OI1883778-EI4788,00.html

quinta-feira, 10 de junho de 2010

"O nosso ouro não é o ouro comum" (Máxima alquímica medieval).

terça-feira, 8 de junho de 2010

Oración para antes de partir:

Que nos amarre siempre
La intuición para reírnos en el próximo encuentro
Y las ganas de inventar la vida
Porque no nos la entregaron hecha
Que no nos fatiguemos nunca
De establecer la diferencia
Entre partir y abandonar;
Partir es un abrazo a la vida,
Abandonar es un abrazo a la muerte.
Que no olvidemos bajo ninguna circunstancia
Que el mandamiento pide amar al prójimo como a
Sí mismo, pero no más que a sí mismo.
Amén.

De Adelaida Nieto.
Há momentos – talvez este seja
Um deles
Em que precisamos nos
Levar mais a sério, ou morrer,
Quando temos que nos livrar das encantações,
Ritmos pelos quais nos temos
Movido, irrefletidamente,
E resgatar a nós mesmos,
Preservar-nos
Para o silêncio, ou a escuta
Atenta, desobstruída
De oratória, fórmulas,
Estribilhos
Lamentos;
Da estática
Que sobrecarrega os fios...

De Adrienne Rich

domingo, 6 de junho de 2010

Trópico - 2 junho 2010
O escritor Wilson Bueno foi assassinado no último domingo, dia 30/5, em Curitiba. Autor de uma das obras mais sofisticadas e inventivas da literatura brasileira contemporânea, havia terminado há poucas semanas seu próximo romance, "As Armas do Coração". Durante mais de cinco anos, ele foi um assíduo colaborador de "Trópico"; leia a seguir um de seus artigos, uma carta à escritora Hilda Hilst:
Hilda Hilst caminha aos uivos
Por Wilson Bueno
Hilda, minha cara Hilda, agora que você não morre mais, entabulo contigo esta conversa no escuro. É uma carta também arrepiada de medo, esta em que me desvisto em ti todas as coisas trêmulas e fatigadas.
Três anos não são três meses nem três dias de teu silêncio sucinto, este em que a morte horrível nele continua a pôr ovos, você que sempre existiu, para mim, assim de um modo triunfante - do garrancho das cartas suntuosas, poucas e raras, ao obsessivo tilintar do telefone sem fio, aqui em Vila Pequena, pinheirais de Curitiba, arredores. Na Casa do Sol, em Campinas, sei que me recebias, pelo telefone negro e velho; pesado de tantas tramas das vozes pelas fibras...
Sem horário ou método - tanto o telefone podia tocar às dez da noite quanto às oito horas da manhã, no Brasil. Sim, às vezes justo nessa hora em que eu -e você- empreendíamos a sempre difícil travessia do equilibrista na direção dos escombros de um novo dia. Umas vezes, terra devastada; outras, a atravessarmos a surpreendente alegria dos dias-colibris, cheios de minutos e de relógios. Você, nem que aquelas damas que não se fazem mais, toda manhã morria.
Houve a vez em que, a falar dos veros exercícios espirituais que os santos primitivos se impunham, derivei a conversa ao budismo, então uma de minhas obsessões. Lembrei Bashô e Issa. Mais Issa que Bashô. E você, estupefata, depois do longo silêncio em que lhe cessaram as palavras-estrelas, pontuadas de palavrões, o que dava à sua fala, assim como que umas fúrias de cão, se impôs, curta, restritiva:
- Que horror essa coisa de haicai... O sapo, puft!, na lagoa... Não gosto, não gosto disso.
E a vida impaciente das coisas, senhora com quem refalo, agora em que não morres mais, falo e refalo, projetados, os dois, ao abismo de mil novecentos e noventa e três. As tuas mil e uma mortes, Hilda; você que, como Clarice, só sabia ser íntima, e nos morria nos braços a cada susto, a cada noite bêbada de sono.
Sim, agora eu sei, senhora bruxa, a tua história tecida no vento de cada dia; eu sei, de ti, os derruimentos da carne e o colapso final dos ossos; da pele da cara, encarquilhada, e o que, não sendo ruga, vincos, são olhos, pequeninos e anciãos, ainda que dotados de uma extravagância assim um pouco diabólica. Um demônio que chorasse, Hilda; você era um demônio bom e, se chorava via Embratel dentro da noite grande de Curitiba-Campinas-Curitiba, um feixe de luz zunia pelas fibras óticas, pelos fios distendidos das conexões sem Deus. Oito horas da noite no Brasil e já eras tudo o que no álcool engrola e dizima, dissolve e carcome.
Em uma das muitas agonias de Caio Fernando Abreu, você soluçava, a lágrima e o sentimento do mundo, em nova aposta, Hilda, em nova aposta contra a morte, desde sempre perdida, Hilda, Hilda Hilst, meu amor. E me falava, me falava umas coisas estranhas (que nunca pude confirmar) de que Caio ouvia, com a pressão arterial zerada, vizinho do fim, o lúgubre soar de tambores tangidos por índias velhas e chorosas, às margens ferventes do Letes.
Hilda, não consigo disfarçar -acho que estou, que estou sim, com muita saudade de você.
Três anos, pelo fevereiro de 2007, em que busco nas ondas do rádio, ali onde você costumava escutar os mortos com antenas improvisadas, de lata, na noite invadida de pirilampo, latifúndio adentro dos Almeida Prado, seus ancestrais, três anos já que lhe reivento a voz grave, esporrenta, a brandir por campos e descampados, senhora obscena do desejo: “Ama-me, Apolonio, ama-me!”. Apolonio de Almeida Prado Hilst, o poeta louco, seu pai, que se correspondia com Mário de Andrade, e que a desejava sempre, com ganas de amante sequioso, toda a vez em que a sua graça de menina buscava um encontro com ele, no pátio dos uivantes hospícios.
Os amantes, tantos, casuais, ou de compromisso, os amantes, Hilda, que lhe escalavam o corpo feliz de Rita Hayworth, ao tempo em que ainda se faziam, nos dourados anos 50, astros e estrelas -do rádio ao cinema; da revista “O Cruzeiro” às demoiselles acinturadas de “Chuvisco”. Em que ilha de dição da rádio Nacional pousas, quase longilínea no salto alto, a piteira longa com um cigarro insolente na ponta?
Em 1950 estreavas, já poeta de abismos, com “Presságio”. E dali a “Alcoólicas” e “Do Amor”, andaram as estrofes trancadas dentro de um quarto como quem vai morrer -Hilda, Hilda Hilst, meu amor...
Pelo telefone, em 1991, começou esta conversa no escuro e, acho, já falavas desde Marduk, posto que fomos, de planeta em planeta, a navegar a solidão noturna e agora, sim, chegamos à estação em que deveras falas, de Marduk falas, desde Marduk... E se vacilávamos frente ao que na Vida é o Amor Demais, lembravas Marduk, a morada a seguir, depois desta aqui movediça e obsedante... E se tramavas ainda outra vez a morte em vossos interstícios de dama sombria, lembrávamos Marduk, por mais chovesse em Curitiba e o sinistro esplendor das estrelas cadentes povoassem o teu céu de Campinas. O céu que nos protege, lembra, Hilda? Lembra, lembra de novo, o que de coisas nos ameaçavam! A nós, os ambos, mortos de medo.
Buscaste a glória, com avidez de atriz estreante, e já te querias, Hilda, que tolice!, a vender aos borbotões nas livrarias. Eu me lembro, Hilda, eu me lembro que invejavas Regine Laforgue e os seus milhões de livros de mão em mão e achavas impossível que não catassem, aos trilhões, tuas pérolas aos porcos... Ah, Hilda , não sabias o quanto eras secreta.
De “Qadós” à “Obscena Senhora D”, passando pela areia movediça do inquietante “Com Meus Olhos de Cão”, a tua prosa, a um tempo inventiva e libertária, nos desconstruiu o humano, bêbada de si, no rastro do Amor feito uma cadela no cio. Quem há de tocar, sem que lhe queimem -de vez- a pele das mãos uma folha que seja de vossa floresta de urtigas? Que pretensão a tua; que pretensão cheia de unhas dar-vos inteira à decifração mais vã e menos comedida!
Teu texto - te disse um dia, e hás de lembrar sempre, mesmo em Marduk, ou mesmo que Marduk não exista-, lê-lo, só se previamente de acordo, cúmplices das vilanias de tuas babas e humores, posto que dali não sairemos jamais impunes. Contigo, Hilda, paga-se, antes de tudo, o pecado de estar vivo. Uma prosa acossada, quase psicótica; o mais das vezes arrepiantes divertimentos paranóides. Onde só o que nos salva é a poesia... Quem se habilita?
E Bedecilda, Hilda, que nome, o de sua mãe, meu Deus! Também assistes dela a desagregação moral e, ainda assim, és dura na queda, Hilda, e por mais que a ame, lhe deseja, a rigor, a morte mesmo, a travessia para o Marduk estrelado, já que a morte-em-vida é um exercício que põe em choque regra e realidade, códigos e sonhos, e é dessa matéria a morte-em-vida de sua mãe que está sempre a morrer, como se morrer fosse mais de uma vez, Hilda, Hilda Hilst, meu amor.
Na Casa do Sol, os menininhos saltitavam, Hilda, as soltas batas até o chão, nus por baixo, os sucessivos cigarros de maconha, o licor de cacau, os poemas de Keats, as vespertinas de Lorca, o riso em flor de um bar aberto sobre a paisagem, os inomináveis de Beckett, os cantares de Rosa, Rosácea em flor e, acima de tudo, o múltiplo e rigoroso Pessoa; de Doris Lessing, Hilda, uma flor colhida em Newport; de Virginia Woolf, todos os passos –ainda- às margens do Ouse. E um livro que, pelo telefone, comentamos, várias vezes comentamos, à sombra de Tânatos -“Suicídio - Modo de Usar”. Ler e escrever -teu martírio e gozo; tuas quedas no abismo e tuas epifanias, Hilda, Hilda Hilst, meu amor.
O cavalo de olhos furados, Hilda, os gatos cambaleantes, os setenta e cinco cães que outra vez latem e ganem, uivam e grunhem -de dor ou júbilo-, a zôo orquestração do horror mais manso em que te cercavas, Hilda, rainha dos bichos postos de lado, chutados das lanchonetes, pela água fervente quase queimados vivos. De todos, um cão, ao menos, ainda se lembra de ti, os olhos súplices e as presas gastas.
Três anos. Nem precisava tanto! Novos amigos comuns debandaram a Marduk. Aí onde, decerto, já lhes oferece o café preto e o pão alemão com que costumavas brindar os hóspedes fortuitos de Campinas. Que morada escolheste, Hilda, a partir da leitura da “Carta a El Greco”, do enorme Nikos Kazantzakis? Bem sabes, não a escolheste; foste, isto sim, a escolhida para morar ali, pelo ato escabroso de ler. A Casa do Sol foi o teu refúgio e também a tua condenação. Acataste, com humildade de monja, o convento de si mesma. Um porão de achados.
Hilda, estou com saudade, estou com muita saudade de você.
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Wilson Bueno - escritor, autor, entre outros livros, da novela "Meu Tio Roseno, a Cavalo" (Editora 34) e de "A Copista de Kafka" (Planeta).