quinta-feira, 24 de janeiro de 2013


Hoje atendi uma moça que está sofrendo porque está desmamando sua filha pequena. Depois saí e fui ao Conjunto Nacional. Fazia um frio atípico em Brasília. Vi uma mãe comprando uma meia-calça para a filha num camelô. E lembrei de quando fazia o enxoval de inverno quando morava no sul. Do início do frio quando comprava os edredons da Dona Eidt, na rua Machado de Assis, em Santa Cruz. Lembrei das estampas floreadinhas dos edredons e da minha vida cheia de rituais. De chegar em casa e aquecer o menino para o frio. Olhei para a mulher que escolhia moletons, agora, no camelódromo. E pensei que se eu dissesse a ela que um dia ela vai viver sem estes rituais – e que vai sobreviver - que talvez ela não acreditasse em mim.

(Lélia Almeida)