Corro
pelas ruas da cidade, estão todos ansiosos, dezembro é um mês nervoso, há uma
urgência no ar. Não estou mais na cidade e também ainda não estou lá na cidade
do sul. Vivo num tempo e num espaço suspensos. Um limbo, um intervalo, um gap.
Uma amiga me disse, se eu fosse você eu não ia, eu expliquei a ela que se eu
fosse eu, que eu também não ia. Mas que não sei quem é esta pessoa que decidiu
partir, e que agora vou ter de conhecê-la também. No tempo do intervalo, uma
estranha urdidura do que jamais voltarei a ser e do que eu nem sonhava que
poderia ser. Caminho rápido como todos pelas ruas de uma Brasília outonal e
chuvosa, cheia de tarefas e finalizações, despedidas, sem tempo a perder. Eu
vou, não sei bem como, mas vou.
(Lélia
Almeida)