quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A consulente leva a metade da consulta me contando que o marido é maravilhoso, que a casa é linda, que os filhos são ótimos, que o trabalho é bárbaro e o tanto que ela é feliz e realizada. Enquanto embaralho as cartas me pergunto porque uma pessoa tão perfeita precisa de uma consulta do Tarot. Continuo ouvindo o ventríloquo. Acontece com muitas. Até que acontece um gap, um tropeço. E posso ouvir uma voz quase inaudível: Meu marido tem outra. Ou, meu filho tá se drogando, ou, estou falida, ou, me sinto tão perdida. É a voz da alma quebrada. Aí começa a consulta.

(Lélia Almeida)