sábado, 24 de novembro de 2012





Maldição II. Por Lélia Almeida.

Quando eu nasci Cloto, Láquesis, Átropos, as parcas, debruçadas sobre o meu berço disseram: “Nossa, como ela é feinha! Pra compensar, vai ter uma vida virtuosa”, disse uma. Ao que a outra respondeu: “Nananinha, muito preguiçosa pra ser virtuosa, vai ter uma vida encantada”, arrematou.  Ao que a terceira discordou, “Também não, muito rebelde pra ser encantada.” E vaticinou: “Ela vai ter uma vida prodigiosa. Ela vai imaginar!”
E assim selou-se o meu destino. E a minha maldição.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


No pátio da minha irmã tem uma pitangueira, fui colher pitanga pra fazer uma geleia, as maiores e mais maduras estavam nos galhos mais altos e mais difíceis, entrei no meio das árvores e olhei pra cima, o céu azul e as frutas vermelhas vibrantes se iluminaram em cores e explosão de luz. Um besouro imenso guardava os frutos e a pequena Sofia catava o que caía no chão. Os milagres são sempre pequenos. O universo cristalizado no brilho da calda. Só a vida simples da conta do que é grande, do que é verdadeiro.

 

(Lélia Almeida)