quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sonhei que encontrava o Uli, o gato preto, morto no jardim da casa do Ouro Vermelho. O corpo dele num canto da varanda, entre as plantas, com moscas voejando ao redor. Eu dizia, no sonho, ele veio morrer em casa. Foi quando comecei a sentir que a minha alma secava novamente, longe da chama criativa. Fiquei toda a noite olhando o mar do pátio do hotel. As ondas eram enormes e aterrorizantes. Então vi o farol e a embarcação. E aquela visão foi me acalmando, como se as minhas emoções coubessem dentro de mim outra vez. E dentro de mim, o mar. E dentro de mim, a noite. Adormeci serena e sonhei com gatinhos de uma mesma ninhada, que andavam pela casa, os olhos fechados ainda. Os esotéricos dizem que quando a gente sonha com animais mortos, é porque que um pedaço da alma da gente tá secando, morrendo. Estou em movimento criativo novamente, voltando pra casa, indo em direção a ela, a nova ela.
(Lélia Almeida, in Anovaela, inédito)

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