O
amante, por Lélia Almeida:
Quando
meu filho nasceu eu estava no meio do mestrado, e tudo isto junto, na época -
bebê e mestrado - significava uma enorme sobrecarga pra mim. Decidi que a
quinta-feira ia ser o meu dia do amante. Mas eu não ia encontrar com nenhum
amante. Ia sozinha ao cinema. E voltava caminhando pra casa, quase sempre de
noite, enquanto alguém ficava com o menino. A volta pra casa, uma caminhada de
20 minutos era o meu único momento de solidão. Lembro sempre daquele ritual,
que me ensinou do tanto que precisamos de tempo para ficarmos sós, longe dos
filhos, do marido, do trabalho, para poder pensar.
E
para poder duvidar.
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