quinta-feira, 12 de novembro de 2015


Assim estão as pessoas, por Lélia Almeida.


A consulente é psicóloga, uma psicóloga famosa da cidade. Conta-me que o marido a deixou pela babá das crianças. Ficou três meses fora de casa. Chora de ranho na minha frente abraçada num rolo de papel higiênico. As cartas são claras, não vejo a separação deles e fico curiosa com o andamento da história. Cartas, aliás, maravilhosas. As taças de amor transbordando e o ás de paus, aquele pauzão, bem no meio do jogo. Depois que ela se acalma consegue contar que eles acabaram do voltar. Que foi numa mãe-de-santo que mandou-a passar mel na passarinha, no sentido horário, durante 9 segundas-feiras. E que colocasse o nome do marido e da “vadia” (palavras dela) rasgados, em 27 pimentões vermelhos e enterrasse no jardim. No meio do procedimento, de cortar os vegetais e rasgar os nomes, ela foi fazer xixi e quando foi se limpar lembrou que não tinha lavado as mãos e que quase morreu de tanta ardência nas partes. Não sabe o que deu mais certo, se foi o mel ou a fúria dos pimentões. Mas que ele voltou, voltou. Ela pergunta ao Tarot se deve continuar com o ritual, fecho as cartas e sugiro que ela vá imediatamente a um ginecologista. Assim estão as pessoas.

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