sexta-feira, 19 de dezembro de 2014


Corro pelas ruas da cidade, estão todos ansiosos, dezembro é um mês nervoso, há uma urgência no ar. Não estou mais na cidade e também ainda não estou lá na cidade do sul. Vivo num tempo e num espaço suspensos. Um limbo, um intervalo, um gap. Uma amiga me disse, se eu fosse você eu não ia, eu expliquei a ela que se eu fosse eu, que eu também não ia. Mas que não sei quem é esta pessoa que decidiu partir, e que agora vou ter de conhecê-la também. No tempo do intervalo, uma estranha urdidura do que jamais voltarei a ser e do que eu nem sonhava que poderia ser. Caminho rápido como todos pelas ruas de uma Brasília outonal e chuvosa, cheia de tarefas e finalizações, despedidas, sem tempo a perder. Eu vou, não sei bem como, mas vou.


(Lélia Almeida)

Um comentário:

Nicole disse...

E onde mesmo foi que vc foi parar, minha baleia?